Litoral de SC desbanca Rio e São Paulo e tem metro quadrado mais caro do país
Cidade que ganhou fama pelos prédios mais altos do país, Balneário Camboriú (SC) também tem recorde de preço, segundo o índice FipeZap+ de venda de imóveis residenciais prontos, de julho. O metro quadrado no local custa, em média, R$ 12.335, alta de 21,27% em um ano. Sua vizinha Itapema vem em seguida, com R$ 11.717 de média e valorização de 20,21%. Entre as seis cidades mais caras, estão ainda as catarinenses Florianópolis (R$ 10.313) e Itajaí (R$ 10.106). Como comparação, São Paulo registrou média de R$ 10.483 por metro quadrado, alta de 5,39%, e é a quarta cidade mais cara. Balneário também se destaca no preço dos imóveis novos. Levantamento da Hiperdados, empresa de tecnologia e inteligência imobiliária, aponta valor médio de R$ 22.270 para o metro quadrado dos lançamentos em julho, quase o dobro de São Paulo (R$ 11.785). A incorporadora Embraed trabalha com prédios de alto padrão na cidade e também já lançou em Itapema. Seu tíquete médio é de R$ 5,6 milhões. A presidente Tatiana Cequinel diz que a companhia tem R$ 5 bilhões em projetos para serem lançados nos próximos cinco anos e 83% do seu banco de terrenos está de frente para a praia. Seus prédios são comprados principalmente por moradores de outras regiões, com destaque para empresários do agronegócio que querem um local de veraneio.
Neste ano, a empresa lançou um prédio no primeiro semestre com valor geral de venda (VGV) de R$ 1,1 bilhão e vai lançar mais um no ano, com R$ 200 milhões de VGV. “São unidades menores, e não é frente-mar, para não concentrarmos tudo nos apartamentos carésimos”, diz. O tíquete médio do novo prédio é de R$ 3,5 milhões. A orla urbana, com seis quilômetros, concentra os prédios mais caros. Bruno Cassola, corretor há 16 anos, destaca que esse é um dos diferenciais para quem quer investir. “Não tem muito para onde crescer em frente ao mar.” A concorrência é tamanha que Cequinel conta que já são derrubados hotéis e prédios antigos para dar lugar a novos empreendimentos. Segundo Cassola, a maior parte dos compradores não vive na cidade. “Em um prédio de 50 andares, só 15% ou 20% dos apartamentos tem morador”, diz. Balneário se transformou nos últimos anos com a construção dos edifícios mais altos, afirma — o maior, atualmente, tem 290 metros, ante 172 metros do maior prédio paulistano — que atraíram turistas. A cidade fez em 2021 o alargamento da faixa de areia da praia central e terá mais mudanças na orla. O prefeito Fabricio Oliveira (PL) conta que “nos próximos dias” será iniciada a primeira fase de revitalização do calçadão, com implementação de banheiros, mobiliário urbano e áreas para caminhada, corrida e ciclismo.
“Balneário vai tomar outra proporção turística e economicamente nos próximos anos”, diz Cequinel. “Vai ter mais valorização de imóveis novos e antigos”. A obra, prevista para custar entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões, será custeada por construtoras. Em vez de pagar outorga onerosa (valor para se construir acima do limite do Plano Diretor) para a prefeitura, as empresas vão realizar parte da obra. “A partir daí começamos a ter uma execução mais célere e ordenada”, afirma Oliveira, contrapondo o modelo a uma obra feita “nos moldes tradicionais de licitação por preço”. A possibilidade de trocar o pagamento da outorga por obras estava prevista em uma fase preliminar da revisão do Plano Diretor de São Paulo, mas não foi aprovada. Balneário também está discutindo um novo Plano Diretor. Cassola afirma que a procura por imóveis em outras praias da cidade tem crescido. Segundo Oliveira, o novo plano não deve liberar grandes prédios nessas praias, que teriam vocação para o ecoturismo. “Não podemos adensar e nem vamos fazer loucura de colocar prédios e mais prédios nas praias que são pulmão econômico”, diz. Itapema, a cidade com o segundo maior valor de metro quadrado, também não deve virar uma extensão de Balneário, na opinião de Bruno Fabbriani, fundador da incorporadora BFabbriani, que atua no médio padrão na cidade. Quem procura o alto padrão ali, à beira-mar, “não quer morar no 80º andar, mas no décimo”, diz, e prefere uma praia mais tranquila.
Ele explica o sucesso do mercado imobiliário na região pela mistura de turismo e de um cinturão de cidades industriais, como Navegantes, Joinville e Tijucas. Florianópolis também está a apenas 73 km. Aos céticos sobre a valorização de Itapema, Fabbriani conta que um produto lançado em 2017 por R$ 280 mil foi vendido neste ano por R$ 650 mil. A pouca presença de incorporação para baixa renda também mantém a média do metro quadrado elevada, afirma. No primeiro semestre, sua companhia vendeu R$ 150 milhões em Itapema e tem 50 projetos no pipeline para a cidade para os próximos anos. “A regra é: vendeu 60% de um produto, lança outro”, diz. O preço médio dos seus lançamentos fica entre R$ 9 mil e R$ 10 mil por metro quadrado.