17 de junho de 2024

SC tem 4 das 5 cidades com metro quadrado mais caro do país: entenda o fenômeno


O rápido crescimento populacional, a sólida economia do estado e o interesse de investidores em Santa Catarina estão impulsionando o setor da construção e o mercado imobiliário regional. O estado é lar de quatro das cinco cidades com o metro quadrado residencial mais caro do Brasil. Balneário Camboriú lidera o ranking (R$ 13.145 por metro quadrado). Também no litoral catarinense estão Itapema (R$ 12.840), Florianópolis (R$ 11.261) e Itajaí (R$ 11.107). Os dados, referentes a maio, são do índice FipeZap. A única cidade de outro estado entre as cinco primeiras é Vitória, no Espírito Santo (R$ 11.312). A construção civil em Santa Catarina vem mostrando resultados positivos, com um aumento de 4% nas vendas de imóveis e uma redução de 6% nos estoques, comparando os primeiros trimestres de 2023 e 2024. Esses dados são de um estudo da consultoria Brain para a Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Construção da Fiesc.


Economia em alta impulsiona o mercado imobiliário


A situação econômica favorável do estado está ajudando a expandir o mercado de imóveis. De acordo com o Caged, quase 80 mil empregos formais foram criados em Santa Catarina de janeiro a abril, um aumento de quase 42% em relação ao mesmo período de 2023. O estado mantém uma taxa de desemprego de apenas 3,8%, a segunda menor do país, segundo o IBGE. No primeiro trimestre, o rendimento médio mensal dos trabalhadores era de R$ 3.707, representando um aumento real de 1,6% em um ano. Projeções do mercado financeiro sugerem que a economia catarinense, a sexta maior do país, deve crescer acima da média nacional. O Banco do Brasil prevê uma expansão de 2,7% no PIB estadual, enquanto a previsão para o PIB brasileiro é de 2,1%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.


Indústria impulsiona crescimento


O principal motor do crescimento deve ser a indústria. O BB estima um aumento de 4,2% no PIB industrial de Santa Catarina este ano. “Isso será um fator significativo para o crescimento econômico do estado. Santa Catarina tem a segunda maior participação industrial no PIB entre os estados e é a segunda indústria mais competitiva do Brasil”, afirma Marcelo Albuquerque, economista do Observatório da Fiesc. Outros setores também apresentam bom desempenho. Dados do IBGE mostram que, no primeiro quadrimestre do ano, as vendas no comércio varejista ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, aumentaram 5,5% em comparação com o ano anterior, enquanto o volume de serviços prestados cresceu 6,7%, quase o triplo da média nacional.


Imóveis em SC como investimento


Um dos fatores que impulsionam a construção civil e o mercado imobiliário catarinense é o fluxo significativo de investidores em busca de diversificação. O agronegócio é um dos segmentos mais ativos nesse mercado. “Temos muitos compradores de imóveis com esse perfil”, afirma Tatiana Cequinel, CEO da Embraed, uma das construtoras mais tradicionais de Balneário Camboriú. O bom desempenho do setor agrícola nos últimos anos, com preços favoráveis de commodities e boas safras, contribui para esse cenário. No ano passado, o PIB do agronegócio cresceu 11,3%. “Santa Catarina é bem vista no agronegócio como destino de investimentos no setor imobiliário”, diz Marcos Bellicanta, presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Construção da Fiesc. A indústria da construção está se beneficiando do ciclo de queda na taxa Selic, que iniciou em agosto, quando estava em 13,75% ao ano, e agora está em 10,5% ao ano. Neste cenário, aplicações de renda fixa perdem atratividade em comparação com os imóveis em Santa Catarina. Contudo, executivos do setor ainda esperam uma redução maior nas taxas de financiamento imobiliário, que em abril estavam, em média, a 0,74% ao mês, segundo o BC. “Há uma certa defasagem na redução das taxas de juros dos bancos para os consumidores”, comenta Thales Silva, diretor comercial da construtora Rôgga, de Joinville, que espera mais repasses da queda dos juros para o consumidor.


Perfil econômico e social de SC ajuda


Segundo Alison Oliveira, coordenador do índice FipeZap, outros fatores contribuem para o bom desempenho do setor imobiliário e da construção civil. “Santa Catarina tem uma renda média mais alta em comparação com outras regiões do Brasil, o que se traduz em maior poder de compra e disposição para pagar mais por imóveis”, afirma. O estado também apresenta altos índices de desenvolvimento humano, refletindo melhor educação, saúde e qualidade de vida. “Essas características atraem novos residentes e investidores, elevando os preços dos imóveis”, acrescenta. O aumento da demanda por imóveis também está associado à migração para o estado. Dados do IBGE mostram que a população catarinense cresceu, em média, 1,7% ao ano entre os censos de 2010 e 2022, mais que o triplo da média nacional. O segmento de aluguel por temporada, ou short stay, também está em alta em Santa Catarina. A Seazone, uma plataforma de Florianópolis que conecta proprietários de imóveis a hóspedes, projeta um crescimento de quase 25% neste ano. A empresa observa um aumento no número de investidores que veem imóveis como um patrimônio valioso. Mônica Medeiros, sócia da Seazone, aponta que até mesmo investidores mais jovens estão aderindo a essa tendência, buscando diversificar seus investimentos. “Empreendimentos compactos oferecem maior potencial de valorização e rendimento superior ao do Tesouro Direto”, diz ela. No interior, Rancho Queimado e Urubici se destacam, oferecendo oportunidades de ecoturismo e esportes ao ar livre.


Litoral Norte é uma das regiões mais desejadas


O Litoral Norte de Santa Catarina, junto com cidades próximas como Blumenau e Joinville, tem visto um crescimento robusto na construção civil e no mercado imobiliário. Duas das sete cidades com maior crescimento populacional do país entre 2010 e 2022 estão nessa área: Barra Velha e Itapoá. Além do interesse de investidores e do turismo crescente, a implantação de grandes empresas e galpões logísticos, especialmente ao longo da BR-101, tem favorecido o desenvolvimento regional. As microrregiões de Joinville e Itajaí estão crescendo acima da média nacional, ampliando sua participação no PIB brasileiro. Segundo o IBGE, a participação de Joinville no PIB nacional passou de 0,66% em 2002 para 0,76% em 2021, enquanto Itajaí saltou de 0,28% para 0,83%. Marcos Bellicanta, da Câmara da Fiesc, observa que, diante dos altos preços em Balneário Camboriú, muitos compradores têm se voltado para cidades próximas, como Blumenau e Joinville, que são importantes polos econômicos. O preço do metro quadrado nessas cidades é quase metade do valor em Balneário Camboriú. Em maio, o valor médio era de R$ 6.511 em Blumenau e R$ 6.798 em Joinville, segundo o FipeZap. Joinville, a maior cidade catarinense, começou o ano com um mercado imobiliário aquecido. De acordo com a Brain, mais da metade dos apartamentos lançados no primeiro trimestre foi vendida, com 723 unidades comercializadas, o segundo melhor trimestre desde 2022.


Dinâmica de vendas e mercado aquecido


A venda de apartamentos em Joinville aumentou 127% nos primeiros três meses do ano em comparação ao mesmo período de 2023, atingindo R$ 436 milhões, mais de três vezes o registrado entre janeiro e março do ano passado. O estoque de apartamentos para venda caiu 31% entre o final do primeiro trimestre de 2023 e 2024. “O aumento nas vendas e a queda nos lançamentos reduziram significativamente os estoques. Isso, junto com a escassez de terrenos e mão de obra, tem pressionado os custos e aumentado os preços. Além disso, há uma maior oferta de produtos de alto padrão, que impacta os preços médios em Joinville”, destaca Ana Rita Vieira, presidente do Sinduscon de Joinville e Região.


A construtora Rôgga, de Joinville, está otimista quanto à ampliação dos negócios na região e no Litoral Norte. A empresa espera concluir o ano com um valor geral de vendas de R$ 1,2 bilhão e recentemente lançou um empreendimento em Jaraguá do Sul. “A região tem uma economia forte, com empresas de referência internacional e muitos atrativos turísticos”, destaca o diretor comercial da Rôgga. Mesmo com a escassez de terrenos, o mercado em Balneário Camboriú se mantém aquecido. Alison Oliveira, da FipeZap, ressalta que cidades litorâneas como Florianópolis, Balneário Camboriú, Itapema e São José são altamente desejadas por sua beleza natural e qualidade de vida, embora o crescimento esteja limitado pela disponibilidade de terrenos.


Desafios e estratégias no mercado imobiliário


A falta de terrenos em Balneário Camboriú já é um problema. Um lote de 286 metros quadrados, a última casa de madeira de frente para o mar, foi avaliado entre R$ 15 milhões


 

O preço do metro quadrado em algumas das principais cidades do país

Balneário Camboriú (SC) R$ 13.145
Itapema (SC) R$ 12.841
Vitória (ES) R$ 11.312
Florianópolis (SC) R$ 11.261
Itajaí (SC) R$ 11.107
São Paulo (SP) R$ 10.936
Barueri (SP) R$ 10.241
Rio de Janeiro (RJ) R$ 10.077
Curitiba (PR) R$ 9.845
Brasília (DF) R$ 9.180
Maceió (AL) R$ 8.726
Belo Horizonte (MG) R$ 8.709
Vila Velha (ES) R$ 8.593
São Caetano do Sul (SP) R$ 8.125
São José dos Campos (SP) R$ 7.990
Recife (PE) R$ 7.950
Osasco (SP) R$ 7.553
São José (SC) R$ 7.543
Goiânia (GO) R$ 7.496
Fortaleza (CE) R$ 7.417
Niterói (RJ) R$ 7.071
Santo André (SP) R$ 6.934
Joinville (SC) R$ 6.798
Santos (SP) R$ 6.776
Porto Alegre (RS) R$ 6.726
Manaus (AM) R$ 6.667
Blumenau (SC) R$ 6.511
Campinas (SP) R$ 6.461
Diadema (SP) R$ 6.368
João Pessoa (PB) R$ 6.324
Guarulhos (SP) R$ 6.319
São José dos Campos (SP) R$ 6.150
Guarujá (SP) R$ 6.128
Salvador (BA) R$ 6.082
Campo Grande (MS) R$ 5.908
Praia Grande (SP) R$ 5.860
Caxias do Sul (RS) R$ 5.383
Jaboatão dos Guararapes (PE) R$
5.337
São José do Rio Preto (SP) R$
5.192
Contagem (MG) R$ 5.065
Canoas (RS) R$ 5.055
São José dos Pinhais (PR) R$
4.984
Santa Maria (RS) R$ 4.924
Novo Hamburgo (RS) R$ 4.906
Londrina (PR) R$ 4.828
Ribeirão Preto (SP) 4.685
São Leopoldo (RS) R$ 4.581
São Vicente (SP) R$ 4.329
Pelotas (RS) R$ 4.211
Betim (MG) R$ 4.008

Fonte: FipeZap

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/economia/imoveis-santa-catarina-metro-quadrado-mais-caro-do-pais/